Resenha do livro "O corcunda de Notre Dame"
O Corcunda de Notre-Dame ou Notre-Dame de Paris é mais que um simples romance, é um texto histórico, Victor Hugo como grande historiador, usa toda sua diligencia no intuito de conscientizar o público a conservar o grande patrimônio histórico, a Catedral de Notre-Dame. Por isso o segundo nome é mais adequado, uma vez que o corcunda nem chega a ser o personagem principal.
Como é de praxe nas obras hugolianas, este livro é recheado de passagens filosóficas, históricas e uma detalhada descrição da arquitetura tanto da catedral como da cidade na época, não se esquecendo dos personagens, desde os pedintes e ciganos até o rei e a nobreza, que eram destaque nesse tempo. Victor Hugo mostra mais uma vez que é um escritor diferenciado, mesmo o objetivo do livro seja a catedral, ele não deixa nada a desejar da história, pormenorizando os sentimentos dos personagens, ele consegue transmitir ao leitor, toda a angustia de uma mãe em que o filho é roubado, até os sentimentos de quem está subindo o cadafalso; E pasmem! Ele só usa a escrita para isso.
O enredo é de uma história intrigante, de um amor doentio do arquidiácono Claude Frollo pela cigana Esmeralda, seu amor patológico, capaz de tudo, de até ser apóstata, o leva cometer um crime passional. As alucinações do arquidiácono nas ruas de Paris me fazem lembrar as alucinações de Raskólnikov em São Petersburgo. Hugo transporta, como o escritor russo, todo o delírio para fora das páginas contagiando o leitor, que sai após a leitura, ébrio, atordoado em devaneios. E é nesse ambiente insalubre que vive Quasimodo, o corcunda, filho adotivo de Frollo.
Quasímodo é a personificação do bullying atualmente, uma criatura maltratada, desprezada desde a infância, a única deficiência que não tinha, a surdes, ele consegue obtê-la pelos trabalhos na Notre-Dame, tocando os sinos. Realmente um ente hediondo, um monstro entre a sociedade, sofrimento é seu sobrenome.
Um romance lutuoso,