Resenha do livro Sobre Fotografia de Susan Sontag
Sontag extrapola os domínios da técnica da fotografia, enfoque que desliga a prática fotográfica do quadro social que a inventa e a consome. Abrangentes e reflexivas, as análises dialogam com a filosofia, a sociologia, a estética e a arte pictórica. A erudição da autora não se traduz, porém, em hermetismo. Seu estilo é simples, direto, leve e sedutor, marca de uma das mais atuantes intelectuais da atualidade.
“A realidade, como tal, é redefinida pela fotografia”, escreve ela ao discutir as relações entre os acontecimentos e as imagens produzidas a partir deles. Sontag mostra como as noções de fato e representação se embaralham nas sociedades industriais e consumistas, onde “tudo existe para terminar numa foto”.
[divider]
Desde o príncipio da fotografia existiu uma discução sobre sua função social, e seu lugar como forma de construir arte. Essa discução esquentou, esfriou, mas ainda continua viva nos dias de hoje. Apesar da tecnologia proporcionar o acesso a ferramenta a praticamente qualquer ser vivo (já que até animais andam fotografando por aí), surgem novas discusões sobre sua banalidade. Uns declaram amor intenso pela fotografia e a idolatram como um deus-espelho do real. Outros defendem a sua intenção de se aliar a outros meios para transmitir sensações, informações e qualquer outra situação escolhida por seus autores. Mas o que nos diz Sontag, em seu livro pode arrasar muitos dos pensamentos de fotógrafos e entusiastas.
Trabalhando os diversas relações (muitas vezes de oposição) da