UMA HISTÓRIA CRÍTICA DO FOTOJORNALISMO OCIDENTAL
109831 palavras
440 páginas
UMA HISTÓRIA CRÍTICADO FOTOJORNALISMO OCIDENTAL
Jorge Pedro Sousa
PORTO
1998
INTRODUÇÃO
O presente livro resulta da ampliação e restruturação de um capítulo da nossa tese de doutoramento (1997) e pretende contribuir para eliminar uma lacuna no panorama editorial português na área das Ciências da Comunicação: a inexistência de livros sobre a história do fotojornalismo, apesar de este assunto ser crucial para a compreensão do actual momento fotojornalístico. Neste trabalho, propomo-nos encarar as fotografias jornalísticas como artefactos de génese pessoal, social, cultural, ideológica e tecnológica. É um ponto de vista que parcialmente alarga o modelo com que Michael Schudson (1988) procurava explicar por que é que as notícias são como são e parcialmente se opõe à visão schudsodiana, uma vez que esse autor afirmou taxativamente que as notícias são cultura, não ideologia (Schudson, 1995, 31).
Por outro lado, estruturámos a nossa visão da história do fotojornalismo em função de momentos determinantes para a evolução da actividade. A esses momentos demos, à falta de melhor, o nome de "revoluções" e é com base neles que subdividimos o presente trabalho em capítulos. Em acréscimo, falamos também da evolução histórica do fotojornalismo em Portugal, capítulo para cuja elaboração muito contribuiu o livro Uma história de Fotografia, de António Sena, e referimos alguns dos trabalhos mais recentes no que respeita à investigação científica sobre fotojornalismo. Estudar a evolução histórica do fotojornalismo é uma opção complexa. Nascida num ambiente positivista, a fotografia já foi encarada quase unicamente como o registo visual da verdade, tendo nessa condição sido adoptada pela imprensa. Com o passar do tempo, foram-se integrando determinadas práticas, tendo-se rotinizado e convencionalizado o ofício, um fenómeno agudizado pela irrupção do profissionalismo fotojornalístico. Chegaram, então, os géneros fotojornalísticos, nomeadamente os