RESENHA - CIDADE DE DEUS
Apontado por alguns críticos como um filme violento e pessimista, "Cidade de Deus" mostra a curta; porém, lucrativa atividade do tráfico. A primeira impressão, não necessariamente a que fica, é que o filme retrata um ciclo de violência, recheado de muito sangue, palavrão e pó. No entanto, analisando um pouco mais a evolução do tráfico mostrado nas cenas, nos questionamos quanto à existência de um ciclo sem-fim; ou ainda quanto à impossibilidade de não ser integrante desse ciclo, apesar da convivência e de toda facilidade que o tráfico dispõe.
Fazendo uma analogia à primeira cena do filme, onde traficantes correm atrás de uma galinha que foge da panela, o destino do personagem Buscapé (Alexandre Rodrigues) parece fazer a mesma corrida em busca de sua sobrevivência. Desde pequeno familiarizado com a vida do crime, o narrador tem seu irmão morto gratuitamente pelo então menino Dadinho (Douglas Silva), portador de uma crueldade inaudita, e vê seus amigos de pelada nas ruas da favela tomarem novas projeções na escalada à criminalidade.
O sonho de ser fotógrafo transforma-se, então, na esperança de conseguir seu próprio sustento e ter uma vida mais digna e duradoura do que seu irmão e amigos; transforma-se na fuga do círculo vicioso da criminalidade. O Filme "Cidade de Deus" mostra através de Buscapé, que apesar do convívio, das precárias condições de vida que são compartilhadas por todos os moradores da favela, da posição de relegados à própria sorte, sem nenhuma assistência de instituições governamentais, há destinos e caminhos diferentes a serem percorridos.
O filme vai além, mostra que não se trata de personagens meramente fictícios e