Resenha-Anos de Chumbo
MAZZUCCHELLI, Frederico.
Os anos de chumbo: economia e política internacional no entreguerras.
Campinas: UNESP-FACAMP, 2009. 429 p.*
Rogério Arthmar1
Em vista da dimensão da crise financeira da atualidade, não poderia ser publicado em momento mais oportuno o livro do Professor Frederico Mazzucchelli, Os anos de chumbo: economia e política internacional no entreguerras. O título, por si, informa de antemão que o conteúdo privilegia não apenas a instância estritamente econômica, mas também a política, pois nessa esfera, tanto em nível doméstico quanto na arena diplomática mundial, sucederiam eventos decisivos que culminariam nos dois maiores enfrentamentos bélicos da humanidade. A obra contém dez ensaios sobre temas fundamentais da metade inicial do século XX, ressaltando a precariedade do arranjo estrutural vivenciado pela economia internacional no pós-Primeira Guerra
Mundial. Embora o prefácio mencione a possibilidade de leitura isolada dos capítulos, resulta impraticável ao interessado deixar de lado uma única página do livro em vista da relevância dos assuntos selecionados.
Dois aspectos de Os anos de chumbo lhe conferem consistência singular. Inicialmente, a preocupação do autor em reconstituir, já no Capítulo 1, os antecedentes históricos da economia internacional durante o século XIX. Esse é o tempo em que a Inglaterra assume a condição de maior potência industrial do planeta, o liberalismo passa a reger sua política interna, consolidam-se os impérios coloniais europeus e o sistema de padrão-ouro alcança abrangência máxima. Nas décadas finais dessa era de expansão, os Estados Unidos e a Alemanha firmam-se igualmente como economias de industrialização retardatária, porém de vanguarda em termos tecnológicos, gerenciais e de escala de produção, fenômeno com impacto de largo alcance no século seguinte, notadamente no acirramento da concorrência entre as potências europeias nos anos anteriores a 1914: “A competição