Resenha - angústia - graciliano ramos
“Em duas horas escrevo uma palavra: Marina. Depois, aproveitando letras deste nome, arranjo coisas absurdas: ar, mar, rima, arma, ira, amar. Uns vinte nomes. Quando não consigo formar combinações novas, traço rabiscos que representam uma espada, uma lira, indivíduos e em objetos que não têm relação com os desenhos: processos, orçamentos, o diretor, o secretário, políticos, sujeitos remediados que me desprezam porque sou um pobre-diabo.”
“O artigo que me pediram afasta-se do papel. É verdade que tenho o cigarro e tenho o álcool, mas quando bebo demais ou fumo demais, a minha tristeza cresce. Tristeza e raiva. Ar, mar, ria, ira. Passatempo estúpido.”
Angustia,
RAMOS, Graciliano - Angústia
Rio, São Paulo, Ed. Record; 1936
47ª edição.
Benedito Rodrigues,
Letras Portugues/Espanhol
Angústia (Record. Graciliano Ramos) é um romance que convence pela proximidade dos fatos com a realidade. Dúvidas e medos do amor, trabalho, desamor, traição e solidão das cidades. Angustiante. Luís da Silva, trinta e cinco anos, funcionário público, trabalha na elaboração de textos para um jornal. Leva uma vida simples e solitária na pensão de D. Aurora, mãe de Marina que vem a ser o grande amor da sua vida e, que logo após o término de um breve romance, se enamora por Julião Tavares, da família rica, Tavares & cia., negociantes de secos e molhados e membros da Associação comercial. Julião tem a fama de conquistador de jovens virgens indefesas. Conquista Marina, que logo fica grávida. Luís tem um