Angustia
Tessituras, Interações, Convergências
13 a 17 de julho de 2008
USP – São Paulo, Brasil
Angústia: o romance no romance e as visões críticas de um personagem-escritor Mestre e Doutoranda Michele Giacomet1 (UFG)
Resumo:
O presente estudo se propõe a analisar o romance Angústia de Graciliano Ramos sob o ângulo do personagem-escritor Luís da Silva e da possível escritura de um romance em seu interior.
Acreditamos ter sido a utilização do referido procedimento – o romance no romance – presente na obra em análise o que desencadeou novas articulações no espaço textual e, entre elas, a exposição do processo construtivo da obra. O romance passa a ser o assunto do próprio romance, espaço em que se examina, se discute e se questiona o fazer romanesco, a matéria literária e a linguagem literária. Atribuímos, então, um caráter inovador à obra de Graciliano Ramos, bem como acreditamos que estes questionamentos possibilitam e/ou possibilitaram uma renovação do gênero romanesco e, conseqüentemente, contribuíram para com a evolução do gênero romanesco.
Palavras-chave: auto-reflexividade, mise en abyme, o romance no romance.
Introdução
O romance Angústia de Graciliano Ramos conta com a inserção de um personagem-escritor, ou melhor, um narrador protagonista, que é também um personagem-escritor e que narra na primeira pessoa do discurso. Trata-se, pois, na terminologia de Gerard Genette1, de um narrador autodiegético. O personagem à medida que narra/escreve, tece comentários e considerações acerca do fazer literário e de seus próprios escritos. Portanto, Graciliano Ramos utiliza-se da estratégia da mise en abyme2, ou construção em abismo, para deflagrar o processo de reflexividade textual.
Lucien Dällenbach, em Le récit spéculaire, assinala três formas de espelhamento: a reduplicação simples, que consiste em um fragmento que estabelece uma relação de similitude com a obra em que está incluído; a reduplicação ao