Angustia
RIO DE JANEIRO
2014
A temática da angústia é tratada por Freud desde o princípio de sua obra até o final, através de duas vertentes demarcadas. No primeiro momento, a angústia aparece atrelada fundamentalmente à visada econômica: a angústia brota na medida em que há uma elevação no volume de energia sexual que se difunde no sujeito. Portanto, ela é concebida como um denso afeto de desprazer ligado exclusivamente à sexualidade.
Freud havia sublinhado que a angústia não podia ser entendida como sendo um medo remoto, ainda que este estivesse metabolizado. Tratava-se, deste modo, de um desequilíbrio econômico, onde a angústia era idealizada como a variação direta da excitação somática aglomerada por falta de descarga.
Com efeito, na passagem do “Projeto para um psicologia cientifica” (1950 [1895]/1996) à “Interpretação dos sonhos” (1900/1996), a angústia deixa de ser percebida como produto da modificação da energia somática, e passa a ser apreendida como produto da transformação da libido. Embora estivesse mais referida ao fator sexual do que os demais afetos, a angústia foi contemplada como decorrência do recalque.
Deste modo, Freud questiona a elucidação da angústia por meio do ponto de vista econômico, o qual apoiava a ideia de que a energia não investida na moção pulsional era imediatamente convertida em angústia. Mais adiante interroga-se:
Como é possível, de um ponto de vista econômico, que um processo de retirada de descarga, como a retirada de um investimento do eu pré-consciente, produza desprazer ou angústia, visto que, de acordo com nossas suposições, o desprazer e a angústia podem surgir somente como resultado de um aumento de investimento? (FREUD, 1926/1996, p. 114).
Tendo esta questão em vista, observa que a angústia não é uma criação do recalque, pois o afeto não pode ser jamais recalcado. Ela é tão somente refletida como um estado afetivo através de uma