Angústia
A
Angústia é o eixo temático dos trabalhos da APPOA, neste ano que se inicia. A Jornada de abertura, que acontece no dia 24 de março, dá início à discussão que irá nos acompanhar nos cartéis e eventos durante 2007.
Ao longo da história da psicanálise, o conceito de angústia tem se mostrado central para o trabalho do psicanalista, passando por elaborações teóricas de diversas perspectivas que buscavam uma articulação com a clínica.
Em seus primeiros escritos, Freud trabalha com a hipótese de que a angústia é ocasionada por uma quantidade excedente de libido, a qual mantém-se acumulada por não ter sido descarregada através da ação. A tensão psíquica não utilizada provocaria um aumento de excitação e sua conseqüente transformação no estado de afeto da angústia. Esta primeira teoria da angústia, baseada no ponto de vista econômico, acompanha Freud ao longo de vários anos.
É somente em 1926, com “Inibição, sintoma e angústia”, que outra perspectiva é elaborada. Esta segunda teoria da angústia não contradiz a primeira, mas formula uma nova hipótese a partir de outro viés. Com ela,
Freud passa a considerar o eu como única sede da angústia e, esta última, como um sinal de alarme que antecipa uma situação de perigo ao eu.
Lacan dedicou um ano de seu seminário (1962-63) à Angústia, relendo os textos freudianos e propondo modificações importantes no conceito.
Se Freud propõe que a angústia é “sem objeto”, para diferenciá-la do medo cujo objeto é bem definido, Lacan afirma que “a angústia não é sem objeto”, pois seu surgimento se dá com o aparecimento do objeto a, causa de desejo. Por emergir na presença do objeto, a angústia é sinal da ausência da falta, indicando que esta falta suporte essencial à constituição do sujeito, pode vir a falhar ao não se constituir como um anteparo simbólico ao desejo do Outro.
O tema é complexo e importante. Neste número do Correio, apresentamos textos que procuram contribuir com um debate que está