RESENHA 2
O artigo sob análise diz respeito a uma pesquisa realizada por Ana Flávia do Amaral Madureira, mestranda em Psicologia pela Universidade de Brasília, e sua orientadora Ângela Uchôa Branco. Neste trabalho, a autora busca verificar a pertinência da pesquisa epistemológica qualitativa para a área de desenvolvimento humano, bem como apresentar as limitações da perspectiva positivista e, mais especificamente, da entrevista como método de investigação científica. É ainda ressaltado que a autora visualizou diversas perspectivas de grandes autores da psicologia, o que ao mesmo tempo em que foi arriscado (uma vez que esses autores podem se confrontar em alguns aspectos), foi também enriquecedor, na medida em que esse mix de idéias combate qualquer visão estreita sobre o assunto. No entanto, o fundamento do seu trabalho está na concepção dinâmica do fenômeno humano.
A princípio, a autora expõe os fundamentos da perspectiva positivista ao longo dos séculos, apresentando a influência da física newtoniana (em uma metáfora do universo que funciona como uma máquina perfeita) e da concepção de realidade absoluta e estável, atribuída ao pensamento filosófico pré-socrático de Parmênides. A partir dessa ideia de realidade imutável, surgem duas correntes filosóficas majoritárias: o racionalismo e o empirismo; embora contrárias, essas correntes compartilham duas premissas básicas:
a) O sujeito e o objeto do conhecimento estão radicalmente separados;
b) O conhecimento é um reflexo perfeito da realidade. No século XIX, o positivismo, munido das premissas acima apresentadas, é retomado de forma mais radical e torna-se o fundamento dominante das ciências modernas. A ideia de separação entre sujeito e objeto do conhecimento está em concordância com a perspectiva positivista de universo, na qual a natureza é regida por leis simples e imutáveis. Assim não importa a subjetividade do investigador ou do sujeito investigado ou seu contexto histórico-cultural; daí surge o mito da