REPRESSÃO
Um dos destinos que uma pulsão pode sofrer é encontrar resistências que procuram torna-la inoperante. A pulsão passa então para o estado de repressão, visto que para ela, a fuga não tem qualquer valia, pois o ego não pode escapar de si próprio. É preciso compreender que a repressão não é um mecanismo defensivo que esteja presente desde o início; que ela só pode surgir quando tiver ocorrido uma cisão marcante entre a atividade mental consciente e a inconsciente; e que a essência da repressão consiste simplesmente em afastar determinada coisa do consciente, mantendo-a à distância.
Pode-se supor que exista uma repressão primeva, uma primeira fase de repressão, que consiste em negar entrada no consciente ao representante psíquico da pulsão. Com isso, estabelece-se uma fixação. A segunda fase da repressão consiste na repressão propriamente dita, que afeta os derivados mentais do representante reprimido, ou sucessões de pensamento que, originando-se em outra parte, tenham entrado em ligação associativa com ele. No entanto, a repressão não impede que o representante instintual continue a existir no inconsciente, mas só interfere na relação do mesmo com um único sistema psíquico: o consciente. Tampouco é correto supor que a repressão retira do consciente todos os derivados daquilo que foi primevamente reprimido. Ao executarmos a técnica da psicanálise, continuamos exigindo que o paciente produza derivados do reprimido que possam passar pela censura do consciente.
O processo de repressão também não deve ser encarado como um fato que acontece uma vez, produzindo resultados permanentes. Pode-se supor que o reprimido exerce uma pressão contínua em direção ao consciente, de forma que a pressão pode ser equilibrada por uma contrapressão. Utiliza-se a expressão quota de afeto para designar um outro elemento do representante psíquico além da ideia. Essa expressão corresponde à pulsão na medida em que esta se afasta da ideia e encontra expressão, proporcional à sua