Relação entre Fé e Razão
As etapas significativas do encontro entre a fé e a razão
Os Atos dos Apóstolos testemunham que o anúncio cristão se encontrou, desde os seus primórdios, com as correntes filosóficas do tempo. Lá se a discussão que S. Paulo teve com “alguns filósofos epicuristas e estoicos” (17,18). A análise exegética do discurso no Areópago evidenciou repetidas alusões a ideias populares, predominantemente de origem estoica. Certamente, isso não se deu por acaso; os primeiros cristãos, para se fazerem compreender pelos pagãos, não podiam citar apenas “Moisés e os profetas” nos sus discursos, mas tinham de servir-se também do conhecimento natural de Deus e da voz da consciência moral de cada homem (cf. Rm 1,19-21; 2, 14-15; At 14,16-17). Como, porém, na religião pagã, esse conhecimento natural tinha degenerado em idolatria (cf. Rm 1,21-32), o Apóstolo considerou mais prudente ligar o seu discurso ao pensamento dos filósofos, que desde o início tinham contraposto aos mitos e cultos mistéricos, conceitos mais respeitosos da transcendência divina.
Aqui mesmo se insere a novidade operada pelos Padres. Acolheram a razão na sua plena abertura ao absoluto e, nela, enxertaram a riqueza vinda da Revelação. O encontro não foi apenas a questão de culturas, uma das quais talvez seduzida pelo fascínio da outra; mas verificou-se no íntimo da alma, e foi um encontro entre a criatura e o seu Criador. Ultrapassando o fim mesmo para o qual inconscientemente tendia por força da sua natureza, a razão pôde alcançar o sumo bem e a suma verdade na pessoa do Verbo encarnado. Ao encararem as filosofias, os Padres não tiveram medo de reconhecer tanto os elementos comuns como as diferenças que aquelas apresentavam relativamente às Revelação. A percepção das convergências não ofusca neles o reconhecimento das diferenças.
A novidade perene do pensamento de Santo Tomás de Aquino
Neste longo caminho, ocupa um lugar absolutamente especial Santo Tomás, não só pelo conteúdo da