Resenha - Alice no País das Maravilhas (Lewis Caroll)

ANÁLISE
“Alice no País das Maravilhas” – Lewis Caroll

Lewis Caroll produziu “Alice...” em um contexto histórico marcado por grandes avanços no campo científico e tecnológico, pelo surgimento de novos pensamentos filosóficos (como o positivismo e o evolucionismo), ao mesmo tempo em que o puritanismo ainda persistia em famílias onde “o pai era uma espécie de chefe divino, e a mãe, uma criatura submissa” (BURGESS, 1996. p.215).
Nessa época, chamada Era Vitoriana, Lewis Caroll era considerado um autor que escrevia para o entretenimento das crianças, porém, ao se analisar sua obra com mais atenção, percebe-se que seu livro é uma crítica à condição do indivíduo de sua época, sufocado por inúmeras exigências e regras sociais.
Caroll mostra por meio da fuga da realidade para um mundo mágico, uma maneira de escapar, ainda que por meio da fantasia, da fixidez vitoriana e de sua moral rígida. O autor será, portanto, considerado um indivíduo que faz parte da sociedade e que, ao mesmo em que é influenciado por ela, tenta influenciá-la por meio de sua obra.
A crítica do livro já se inicia no enfado inicial de Alice. Percebe-se aí que Caroll cria uma personagem que não se contenta com as exigências morais da sociedade puritana. A atitude de Alice de se cansar da monotonia e ir atrás do coelho é, na realidade, uma transgressão em relação ao que se esperava do comportamento infantil da época, bem como em relação aos modelos infantis que apareciam na literatura vitoriana, sobretudo na pedagógica.
No decorrer do percurso de Alice, vários são os obstáculos que ela encontra. Para superar esses obstáculos, Alice sempre lança mão de elementos mágicos que lhe são proporcionados a fim de lhe conferirem competência para dar continuidade ao seu percurso. Esses elementos mágicos podem ser vistos como uma crítica ao pensamento lógico e racional que estava muito presente no Século XIX.
Aparentemente, a narrativa é apenas um conjunto de peripécias, permeadas pela irracionalidade,