Reforma no ensino, sim. militarismo, não.

710 palavras 3 páginas
LUFT, Celso Pedro. A teoria da linguagem, in: LUFT, Celso Pedro: Língua e Liberdade. 8 ed. São Paulo. Ática, 2006. p.33-50.

Ludmilla M. Alves

Reforma no ensino, sim. Militarismo, não.

No segundo capítulo de Língua e Liberdade, Luft abordará o tema da gramática natural dos falantes e faz cáusticas críticas à ingenuidade do ensino tradicional. Numa linguagem acessível, que é da intenção do próprio autor, ele abre o tópico elucidando o leitor iniciante sobre o sistema de regras interiorizado pelo falante. Celso começa tratando do assunto com bastante naturalidade, recorrendo a Chomsky, precursor da teoria, para explicitar a estrutura da gramática natural. Sempre forte na escolha das palavras quando critica a gramática tradicional, Luft faz questão de evidenciar o quanto ela impõe barreiras e sufocam o amadurecimento linguístico do falante. A gramática internalizada é um sistema de regras finitas onde o indivíduo possui leque infinito de criações sintáticas. A partir daí, a severa indignação do autor contra o “gramaticalismo” passa a fazer sentido. Luft (1985, p. 36) deixa clara sua posição nesse trecho: “[...] por maiores e melhores que sejam [as teorias de gramática], tais reproduções são inevitavelmente incompletas e defeituosas.” A seguir aprofunda-se no processo de regularização da língua na criança e como mesmo com pouca idade, já consegue criar orações complexas, tudo por meio desse saber intuitivo que foi incorporado. Luft diz que a criança “sabe” a análise sintática da sua língua nativa. Isso é claro, não ao ponto literal das terminologias e métodos. Ele quer dizer que sua competência em combinar as palavras de acordo com as regras internalizadas é perfeitamente sustentada pelo que prega nas normas. Graças a essa capacidade inata do ser humano, o autor defende insistentemente que a verdadeira linguagem é a da fala, e não a que se aprende forçosamente através das gramáticas tradicionais. Assim como é,

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