Reflexão sobre a realidade social e a produção de conhecimentos em ciências sociais
As ciências sociais têm como vocação o progresso das ciências positivas, sendo necessário para o efeito que o cientista seja o mais objectivo e imparcial possível, por forma a abstrair-se da sua realidade, utilizado diferentes teorias e métodos para o alcance do conhecimento científico e da realidade social.
Este distanciamento da sua realidade e abstracção do senso comum, que deverá ser efectuado através de três actos epistemológicos: ruptura com o senso comum, a construção de teorias e novos paradigmas e a constatação/verificação do novo conhecimento adquirido. Através destes deverá alcançar os conhecimentos necessários à análise objectiva e rigorosa da realidade que lhe permitam proceder a um estudo científico exacto e objectivo.
Apesar da consciência da necessidade de imparcialidade por parte do cientista social, existem diversos factores que influenciam a sua capacidade de análise como, por exemplo, os obstáculos epistemológicos.
Entre os obstáculos epistemológicos podemos encontrar a familiaridade com o social, ou seja, existe a necessidade por parte do sociólogo de relativizar a sua realidade social, e todo o seu conhecimento adquirido como senso comum, fazendo uma desconstrução do seu conhecimento objectivo da realidade em estudo, na construção de conhecimento científico. Neste processo é necessário ter em conta a dicotomia natureza-cultura, com a percepção, por parte do cientista social, da separação dos elementos em estudo que são inerentes ao objecto devido à sua natureza, ou seja, devido à biologia e outros factores físicos ou pela cultura, elementos culturais e estruturais apreendidos da sociedade em que o homem se encontra inserido. E também a dicotomia indivíduo/sociedade onde é imprescindível fazer a distinção entre o comportamento e atitudes de um individuo particular e os comportamentos normativos dos grupos de indivíduos, ambos inseridos na mesma sociedade.