pesquisa
Texto: ALMEIDA, J. F. Velhos e Novos Aspectos da Epistemologia das Ciências Sociais. Sociologia, Problemas e Práticas. n. 55, pp. 11-24, 2007.
1. Como define o autor a epistemologia moderna?
A epistemologia moderna passou a consistir numa reflexão sistemática sobre as condições e as implicações do trabalho científico, sobre as suas formas e os seus momentos. Interessa-se mais pelo saber que — um saber proposicional — do que pelo saber como, que constitui a reflexão básica da “filosofia diurna” dos cientistas. Ou seja, dito de outra maneira, interessa-se mais pela razão teórica do que pela razão prática.
2. A que se refere Almeida com a expressão “reflexão de segundo grau”?
Julgo ter sido Louis Althusser quem propôs a distinção entre a filosofia diurna dos cientistas—aquela que acompanhava a prática quotidiana da investigação — da filosofia nocturna, em que esses produtores de conhecimento faziam uma reflexão de segundo grau sobre o significado da sua actividade profissional. E atribuía maior lucidez à reflexão diurna do que à nocturna, já que é a primeira que constitui expressão directa do “ofício”, do conjunto das aprendizagens e dos procedimentos teórico-práticos da profissão.
3. Examine e discuta a seguinte afirmação do autor:
“A admitida irredutibilidade entre o ser e o saber, entre a realidade e o conhecimento que dela temos, não significa, porém, que o mundo físico e social seja absolutamente separado das nossas representações sobre ele.” (p. 12)
Por um lado, a irredutibilidade, ou seja, objeto real e objeto científico são coisas diferentes porque o objeto científico é uma construção do pesquisador, como resultado da construção de um ponto de vista sobre a realidade: o objeto é uma abstração, uma representação da realidade. Por outro lado, existe uma relação estreita entre realidade e conhecimento da realidade, ou seja, o objeto científico encontra-se imerso no mundo dos objetos reais, principalmente no caso