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A herança intelectual da Sociologia

A sociologia não se restringe ao estudo das condições de existência dos seres humanos. Atrás do mito da Religião ou da Filosofia, sempre se acha um agente humano, que se preocupa, essencial e primariamente, com questões relativas à origem, à vida e ao destino de seus semelhantes. A Sociologia nasce e se desenvolve como um dos florescimentos intelectuais mais complicados das situações de existência nas modernas sociedades industriais e de classes e não se afirma a Sociologia primeiro como explicação científica, depois como forma cultural de concepção do mundo, pois foi ao contrário que se deu essa realidade. Daí a posição peculiar da Sociologia na formação intelectual do mundo moderno.
Muitos conservadores, reformistas ou revolucionários, ansiavam fazer do conhecimento sociológico um instrumento da ação, e pretendiam mudar a sociedade em que viviam e não a natureza humana em geral. E por isso, existe um fundamento provável para a interpretação a qual a Sociologia constitui um produto cultural das fermentações intelectuais provocadas pelas revoluções industriais e políticos-sociais, que abalaram o mundo ocidental moderno.
A única disciplina científica que poderia ter concorrido, inteiramente, para a criação da Sociologia, é a Biologia, mas, ainda hoje a Biologia atua como organismo abstraído do meio real de existência. Pode-se dizer que o desenvolvimento do sistema de Ciências se tem processado sob o influxo de duas ordens de fatores. Uma de natureza designadamente positivo-racional, ligada com exigências da própria marcha das investigações científicas, outra de natureza ultracientífica, constituída pelo conjunto de necessidades práticas (econômicas, culturais e sociais), que podem ou necessitam ser satisfeitas, de modo direto ou indireto, mediante a descoberta ou a utilização de conhecimentos científicos.
No aspecto em termos dos ideais da investigação científica, a mencionada vinculação da Sociologia com as situações de