radicalismo politico no segundo reinado
Marquês de Paraná.
Teófilo Benedito Otoni e
José Inácio Silveira da Mata
o RADICALISMO
POLíTICO
NO SEGUNDO
REINADO
José Murilo de Carvalho
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SilVIO
ROMERO
E A HISTÓRIA
DAS IDEIAS
Sílvio Romero pautou os estudos de história do pensamento ao falar do bando de ideias novas que esvoaçavam de todos os pontos do horizonte e que teriam marcado a geração de 1870, sobretudo a parte dela vinculada ao que chamou de Escola do
Recife, liderada por seu ídolo Tobias Barreto. O que foi feito antes de 1870 passou a ser desprezado e descartado como
Iclassicismo, ecletismo, escolasticismo, beletrismo. O novo eram as filosofias importadas da Inglaterra, da França e da
Alemanha, o organicismo, o darwinismo, o evolucionismo, o positivismo, o racismo. No entanto, pelo menos no que se refere ao debate político, a década de 1860 foi a mais fértil de todo o Segundo Reinado. Em nenhuma outra se discutiu tanto
'a Constituição, o Poder Moderador, o sistema representativo, as reformas políticas e sociais. Discutiu-se em livros, na imprensa, no Parlamento, em panfletos, em conferências públicas. Mais ainda, foi nessa década que se formularam as propostas mais radicais de reforma social e política.'
O CENÁRIO
O terreno para o surgimento desse debate começou a ser preparado desde 1848. A derrota da Praia significou o fim das rebeliões regenciais e o início de uma fase voltada para outras preocupações. O fim do tráfico em 1850 gerou um primeiro surto de investimentos. Esse ambiente permitiu ao marquês de Paraná introduzir em 1853 sua política de conciliação partidária, após cinco anos de total domínio conservador. O tino político de Paraná lhe dizia que o segredo da estabilidade do sistema imperial estava na possibilidade de
1 Ver, sobre o tema, meu capítulo "As conferências radicais do Rio de Janeiro: novo espaço de debate", in Carvalho (org.),