Quando o sociólogo quer saber o que ser professor
Em entrevista concedida à Revista Brasileira de Educação em setembro de 1996, durante uma breve estada no Brasil, o sociólogo François Dubet reflete sobre a sua experiência de um ano como professor em um colégio da periferia de Bordeaux, França. François Dubet é pesquisador do Center d’Analyse, et d’Intervention Sociologiques, professor titular e chefe do departamento de sociologia da Universidade de Bordeaux II e membro sênior do Institute Universitaire de France, e ainda, é autor de mais de uma dezena de livros. Conhecido por suas pesquisas sobre a juventude marginalizada na França, Dubet quis vivenciar, diretamente como professor, os dilemas da escola francesa contemporânea.
Dubet conta que quis fazer a experiência, dar aula em uma escola da periferia, por duas razões, a primeira é que, em seus encontros com professores, achava ele que esses professores davam descrições exageradas da realidade das escolas, a segunda razão a qual Dubet cita por ter feito essa experiência é, que durante uma intervenção sociológica com um grupo de professores, encontrou ele, duas professoras que mostravam resistência às ideias e análises que ele propunha. Sendo que ambas deixaram esse grupo, e uma delas ainda escreveu uma carta a ele o criticando, particularmente pelo fato de ser um intelectual que jamais lecionou, e que tinha uma imagem abstrata dos problemas. Diz François que por esses fatos que aceitou o desafio, e quis ver do que se tratava.
O sociólogo François Dubet, então assumiu uma classe de cinquième, 2ºginasial, com alunos de 13, 14 anos, em um colégio popular, bastante difícil, e que o nível dos alunos era baixo, buscou ter essa experiência, assumiu esse trabalho por um ano. Diz Dubet que se esforço para ser um professor razoável, ensinava geografia e história, pois eram disciplinas que o interessavam. François relata que percebeu que a observação participante é um absurdo. Diz que ficou duas