Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor
Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor
Entrevista com François Dubet
Entrevista concedida à
Angelina Teixeira Peralva
Marilia Pontes Sposito
Universidade de São Paulo
Tradução de Ines Rosa Bueno
Em entrevista concedida à Revista Brasileira de Educação em setembro de 1996, durante breve estada no Brasil, o sociólogo François Dubet reflete sobre a sua experiência de um ano como professor de história e geografia em um colégio da periferia de Bordeaux, França. Conhecido por suas pesquisas sobre a juventude marginalizada na França, François Dubet quis vivenciar, diretamente como professor, os dilemas da escola francesa contemporânea.
François Dubet é pesquisador do Centre d’Analyse et d’Intervention Sociologiques (CNRS - École des Hautes Études en Sciences Sociales), professor titular e chefe do departamento de sociologia da
Universidade de Bordeaux II e membro senior do
Institute Universitaire de France. É autor de mais de uma dezena de livros, entre os quais: La galère: jeunes en survie. Paris: Fayard, 1987; Les lycéens.
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Paris: Seuil, 1991; Sociologie de l’experience. Paris:
Seuil, 1994 (Edição portuguesa: Lisboa, Instituto
Piaget, 1997) e A l’école. (com Danilo Martucelli)
Paris: Seuil, 1966.
Por quê, enquanto pesquisador, você escolheu lecionar por um ano em um colégio?
Eu quis ensinar durante um ano por duas razões um pouco diferentes.
A primeira é que nos meus encontros, coletivos ou individuais, com professores, eu tinha a impressão de que eles davam descrições exageradamente difíceis da relação pedagógica. Eles insistiam muito sobre as dificuldades da profissão, a impossibilidade de trabalhar, a queda de nível dos alunos, etc. E eu me perguntava se não era um tipo de encenação um pouco dramática do seu trabalho.
Mai/Jun/Jul/Ago 1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez 1997 N º 6
Espaço Aberto
A segunda razão é que, durante uma intervenção sociológica com um grupo de professores, encontrei