Quando ouvir não é possível, quando olhar não é o bastante: a aprendizagem da comunicação não-verbal na formação em saúde
Camila de Araújo Carrilho
INTRODUÇÃO
Aprender a se comunicar, é um saber para o qual não existe receita ou manual. Entre, por exemplo, um profissional de saúde e seu paciente, a comunicação estabelecida entre os mesmos ultrapassa as perguntas ensinadas no âmbito acadêmico para realizar um histórico, chamá-lo pelo nome, fazer perguntas sobre sua vida, fazer-lhe orientações como “use menos sal na comida, ou lhe fará mal”. Consoante Mariotti (2002), para se legitimar a pessoa que está a sua frente, trata-se de algo que vai muito além do discurso, não pode ser disfarçado, pois fica expresso no olhar, na atitude do corpo e na intensidade do toque. Pois a dimensão não-verbal da comunicação é decisiva para manifestar o dito e o não dito.
Autores como Restrepo (1994), Monteiro (2006), Brêtas et. al. (2006), ressaltam o tato como o sentido mais humano de todos. Valendo salientar que no trabalho da saúde são constantes os contatos realizados através do toque feitos durante os procedimentos, exames físicos, etc. Nesse sentido, Silva (2002) vem a enfatizar que nenhum toque é neutro, pois sempre demanda de um aspecto afetivo, dessa forma, a maneira na qual se toca o paciente, em que local e o seu tempo de duração, o toque poderá se demonstrar como uma forma de afeto ou de invasão.
No entanto no meio acadêmico é cada vez menos trabalhado o despertar dos sentidos corporais, do contato com o outro que não seja pela visão, o que vem ocasionando na formação de profissionais de saúde que não sabem mais palpar, sentir, auscultar e inclusive escutar o paciente.
Logo, convém resgatar e integrar ao processo de formação do profissional de saúde a valorização de um ensino sensível, que busque meios na aprendizagem que despertem e trabalhem com o uso dos sentidos corporais, aspectos inerentes da comunicação não-verbal, pois segundo Silva (2002) para se torne