Psicose na infancia
INTRODUÇÃO
A psicose apresenta-se como um fenômeno emblemático a todos aqueles que, em algum momento ou de alguma maneira, se dispõem a pensar sobre as possibilidades de se estar no mundo. A loucura sempre mobilizou religiosos, filósofos, artistas, profissionais de saúde, a todos enfim, que se preocupam com as questões da humanidade, na busca de um significado para ela.
As diferentes interpretações da psicose têm a ver com determinantes históricos, culturais e ideológicos, que valorizam, ora os aspectos biológicos, ora os simbólicos, ora os sociais e políticos. É importante salientar que estes determinantes tentam obter algum entendimento deste fenômeno e, essencialmente, a psicose nos coloca frente a situações de cisão, ruptura, ou seja, a perda do contacto com o real, a estranheza.
Num primeiro momento, as psicoses na infância foram abordadas a partir de um ponto de vista descritivo, utilizando-se os referenciais das psicoses em adultos.
A partir de Freud, as particularidades do infantil entram em cena, a princípio para explicar os fenômenos observados nos adultos. Posteriormente, há o reconhecimento da especificidade do mundo infantil, melhor compreendido pelos trabalhos de profissionais que se dedicaram ao estabelecimento das teorias do desenvolvimento e constituição da personalidade da criança. (Piaget, J.; Klein, M.; Mannoni, M.).
É importante lembrar o movimento da antipsiquiatria desencadeado por Laing e Cooper, que buscavam entender a psicose como um mecanismo de defesa frente a determinantes familiares e sociais. Este movimento teve grande influência na interpretação dos distúrbios psicóticos na década de 70, permitindo elaborar uma visão social e, particularmente, inter-relacional na abordagem da psicose.
Nas últimas décadas, com o progresso nas técnicas de obtenção de imagens cerebrais, retomou-se a vertente biológica, que busca uma etiologia para os fenômenos psicóticos no âmbito das estruturas ou da