psicopedagogia
Ana Lúcia Hennemann*
O sinal anunciava o início da aula, as crianças já se encontravam na fila. Alguns pais acompanhavam apreensivos a entrada das crianças à sala de aula, observavam o menino num estado de euforia pulando sobre os ombros dos colegas, quase os derrubando. Apresentava uma fala ligeira e cheia de gestos, entretanto não tinha noção espacial de seu corpo e não percebia quando a extensão de seu braço atingia o corpo dos demais.
Na sala de aula, mostrava-se inquieto, o espaço da mesma era pequeno demais para ele, não conseguia organizar-se, o lápis com frequência caia no chão, o caderno incompleto cheio de dobras nas pontas, a borracha num instante se transformava num carrinho.
Na mochila, além de todos os pertences escolares também estavam vários brinquedos, que constantemente insistia em pegá-los durante a execução de tarefas escolares.
O conteúdo da aula era deixado de lado por qualquer motivo.
Cadeira, pra que serve mesmo? aquele corpinho inquieto mal conseguia permanecer 15 minutos sentado. Porém o problema é que sua inquietação tirava a concentração dos demais...hora de chamar a família...
Na fala entristecida o histórico de pais que já conheciam todo o repertório do diálogo proposto, já não era a primeira escola pela qual passavam, a inquietação do filho, a falta de atenção nas atividades, as brincadeiras constantes, a dificuldade de cumprir regras, a desatenção...
Em casa também vivenciavam as mesmas situações, mas mencionaram que não entendiam, pois a criança era tão inteligente e conseguia passar muito tempo concentrado no computador...
Existem muitos mitos em torno do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas este é distúrbio neurobiológico crônico que afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e sua prevalência é maior entre os meninos. Esses sinais devem obrigatoriamente manifestar-se na infância, mas podem perdurar por toda a vida,