Psicanalise com adolescente
Este trabalho tem como objetivo obter entendimento das vivências púberes e adolescentes dentro de uma abordagem psicanalítica apresentando os conflitos existentes, algumas leituras subjacentes dessa fase, tratamento clínico e algumas dificuldades no atendimento.
Hoje, estamos vivendo um tempo em que impera a falência da função paterna nos diversos níveis sociais. Mas, seja como for, ainda está em voga o que Freud considerou como a grande tarefa da adolescência, ou seja, o desligamento da autoridade dos pais, tão importante para o progresso da cultura, gerando uma tensão entre diferentes gerações.
Não podemos negligenciar a presença de outros fatores que pressionam o adolescente para que assuma uma posição no cenário social, além de ter que dar conta de sua sexuação e do reconhecimento de seu lugar frente às diferentes gerações. Estamos referindo-nos à escolha profissional. Se pensarmos bem, é uma escolha que efetiva muito precocemente na vida. É um tempo repleto de cobranças sociais, num momento de declínio das identificações parentais. Nossa sociedade não dispõe de dispositivos eficazes para fazer essa passagem e falamos de crise da adolescência.
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Considerações preliminares sobre a adolescência
Um estudo psicanalítico sobre a adolescência requer algumas considerações. Antes de tudo porque, para a psicanalise, é o inconsciente, constituído na infância, através da vivência edípica, que se revela o cerne do psiquismo. Tudo se dá nesse momento e o que vem depois nada mais é do que revivescências, repetições desse originário. Dentro dessa perspectiva do psíquico, não caberia falar – como usualmente fazemos, em consonância com a psicologia em etapas de vida que se diferenciam por critérios biológicos. Foi importante para a psicanálise separar-se da biologia e da psicologia, definindo o seu campo epistemológico, com o objeto próprio ( o inconsciente), a ser estudado se a recorrência a outras áreas do saber.
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