Propaganda em japones
Depois tem a história do Branco. O Branco contou na roda que estivera preso por questões políticas, mas que não fora torturado.
Em vez disto, colocaram o Branco com numa cela com o Tocão, que tinha mais de peito do que o Branco de altura, com a recomendação de lhe contar histórias. O Tocão gostava de ouvir histórias. O Branco só devia parar de contar histórias quando o Tocão dissesse "chega". Senão, ó... E o delegado juntou as duas mãos lentamente, como quem amassa alguma coisa, dando a entender que entre as mãos do Tocão estaria a cabeça do Branco.
Quando entrou na cela, o Branco deu bom-dia, mas o Tocão não respondeu. Só grunhiu. Sem perder tempo, o Branco começou:
- Era uma vez...
Olhou para o Tocão para ver se era esse o tipo de história que ele gostava. O Tocão estava impassível. Branco continuou:
- ... uma princesa que morava num castelo. Um dia um passarinho chegou na janela da princesa e...
Durante muitas horas o Branco contou sua história. O Tocão não fazia um som. Seus olhos não se desprendiam da boca do Branco. Entrou de tudo na história do Branco. Príncipe. Madrasta. Lobo. Sapo. Dragão. Anão. Vovozinha. Bruxa. Caçadores.
Várias vezes o Branco sugeriu que a história tinha terminado.
- E viveram felizes para sempre...
Mas o Tocão não dizia nada. E o Branco, apavorado, emendava outra história.
- Enquanto isso, em outro castelo, longe dali...
O Branco contou todas as histórias de fada que conhecia e inventou mais algumas. Quando não sabia mais o que inventar, começou a contar filmes, romances, tudo que pudesse lembrar. O dia raiou e o Tocão continuava olhando para a boca do Branco. O Branco espremia a própria cabeça, metaforicamente, para se lembrar de mais histórias. Já esgotara todos os enredos possíveis. Recorrera à Biblia, às Mil e uma Noite, a Dom Quixote, a Homero, a Janete Clair. Começou a recontar histórias, variando alguns detalhes para o Tocão não desconfiar. Na nova versão, a vovozinha comia o