Perigo Amarelo
RESUMO: A imigração japonesa no Brasil tem seu início em 1894, entretanto nenhum outro acontecimento ficou marcado na história como os ocorridos durante a Segunda Grande Guerra. Período marcado pelo nacionalismo do Estado Novo, as teorias raciais apenas serviram de instrumento de legitimação ao rígido controle e repressão por parte da Polícia Política contra os imigrantes japoneses. Este artigo tem por objetivo reconstruir com o auxílio de obras de importantes pesquisadores e de prontuários do acervo DEOPS/SP o discurso repressivo do Estado, assim como as conseqüências enfrentadas pelas colônias japonesas.
Palavras-Chave: nacionalismo, Estado Novo, Polícia Política, imigrantes japoneses
INTRODUÇÃO
O racismo contra o amarelo tem sua origem nas teorias científicas do século XIX, mas a repressão oficial aos japoneses residentes no Brasil tem início com a instauração do Estado Novo. As autoridades brasileiras, apoiadas por um saber científico e por sua estrutura adequada ao papel de um Estado interventor, nacionalista e xenófobo, procuraram colocar em prática seu projeto. As leis de nacionalização só favoreceram isso e, por outro lado, interferiram no cotidiano da comunidade japonesa que viveu tempos de repressão e insegurança. “As práticas da polícia do Estado Novo se deixaram orientar como parte da criminalização da raça, pelo racismo institucionalizado pelo Estado. Essa polícia serviu para legitimar a violência contra os nipônicos residentes no país”.1
O controle da Polícia Política fundamentada na “lógica da desconfiança”2 concorreu para a prática da repressão aos imigrantes japoneses. Essa comunidade, assim como a alemã e a italiana, foi submetida a rigorosos momentos de preconceito e xenofobia por parte das autoridades policiais brasileiras. Essa forma de pensamento, construído de forma generalizada, se prestou para incriminar, sem motivos reais, os japoneses radicados no Brasil. É possível encontrar em