Professor
Literatura Portuguesa I
Prof. Dra. Marlise Vaz Bridi
Gabriel Antonio Mesquita de Araujo
1º Horário – Matutino
A figura feminina e a moral cristã a partir do auto da Sibila Cassandra
É interessante notar a massiva presença de personagens femininas no panorama das obras de Gil Vicente, mas mais curioso ainda é decompor e derivar a partir dessas personagens muitos dos traços históricos da sociedade do século XVI, de maneira que torna-se possível possuir uma visão do papel desenvolvido pela mulher neste contexto social.
Porém antes de qualquer consideração literária, é essencial que se paute breve, mas convenientemente, como era efetivamente o modo de vida da mulher e a percepção dos outros em relação a ela no período quinhentista. Para isso, utilizemos de algumas das reflexões de Maria Margarida Caeiro (2001), mestre em História Moderna, segundo esta a mulher possuía uma posição de enclausuramento, pois era fadada a uma vida de reclusão, podendo sair apenas acompanhada de outras damas, e estas saídas resumiam-se substancialmente a idas à Igreja.
Obviamente a autora refere-se às senhoras de estratos sociais mais elevados, uma vez que é sabido que as mulheres provenientes de uma classe econômica inferior possuíam uma maior liberdade de ir e vir, pois como trabalhavam em casas de senhores abastados, tinham por sua vez que cumprir funções mais rotineiras como ir a mercearias, quitandas e outros locais públicos deste mesmo gênero.
Assim vê-se que a mulher era socialmente desconsiderada e esta possuía apenas duas alternativas de vida – o matrimônio ou a vida claustral, sendo que o casamento era sempre arranjado pelo pai, visando seu interesse financeiro, logo a mulher tinha um valor puramente venal. Quanto à vida monástica, esta destinava-se apenas às mulheres de alto nível social.
É de extrema valia mencionar que esta mentalidade da mulher como apenas um fruto procriador está encoberta por uma substância religiosa, pois a Igreja é