Professor e professor
O presente artigo faz um levantamento da bibliografia disponível acerca da formação de professores em cursos de licenciatura, iniciando com um tratamento hermenêutico ao termo "formação", passando pela atual situação dos docentes no estado de São Paulo. Caracteriza a constituição das instituições formadoras e levanta aspectos convergentes em relação ao tratamento do tema na literatura. Finalmente são feitas considerações específicas sobre a formação dos professores em cursos de Licenciatura em Matemática.
Palavras-chave: Formação de professores, professores de Matemática, revisão bibliográfica. "Por um lado, a profissão [de professor] é composta por rotinas que o docente põe em ação de forma relativamente consciente, mas sem avaliar seu caráter arbitrário, logo sem as conhecer e controlar verdadeiramente. /.../ Outros momentos da prática são a expressão do habitus que tem sua gênese como interiorização de constrangimentos objetivos. Tendo em consideração a urgência e o caráter inconfessável ou impensável da prática, o professor realiza coisas que desconhece ou que pretende não ver. Para além da rotina e da urgência, o professor tem uma terceira razão para não saber ao certo o que está a fazer na sala de aula: é o pressentimento de que uma lucidez total destruiria sua auto-estima."
(Philippe Perrenoud, Práticas pedagógicas, profissão docente e formação)
I. Considerações iniciais: uma reflexão em formação
"No fundo, no fundo, ninguém forma ninguém. Existe, sim, uma auto-formação": foi o que nos disse o professor António Nóvoa na conferência de abertura do III Congresso Estadual Paulista sobre a Formação de Educadores. E isto nos faz pensar. Qual o sentido, então, das rotinas e rituais desempenhados em sala de aula? Qual o papel do professor? A que se reduzem "ensino" e "aprendizagem"? Afinal, sobre o