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Somente a partir desta caracterização mais realista de como o sistema funciona podemos discutir adequadamente os dilemas que a política econômica impõe ao desenvolvimento econômico.
É claro que o regime atual de "juros altos e câmbio baixo" tem grandes custos. Em termos fiscais, aumenta a carga de juros da dívida pública. Em termos distributivos, os juros reais elevados estabelecem um alto custo de oportunidade para o capital, o que eleva o piso aceitável das margens de lucros das empresas e concentra a distribuição funcional da renda. Os juros reais elevados atrapalham o crescimento do crédito para o consumo e para a construção civil e, a partir daí, desestimulam o investimento produtivo induzido e o crescimento do próprio produto potencial. O câmbio real cada vez mais valorizado desprotege a indústria local contra as importações, diminuindo sua competitividade, e atrapalha as exportações de produtos industriais mais sofisticados, solidificando uma inserção externa de pouco dinamismo tecnológico, baseada apenas em nossas vantagens absolutas em alguns recursos naturais.
Além disso, a tentativa de acelerar o crescimento mantendo em operação o sistema "juros altos, câmbio baixo" leva a uma explosão das importações que cria uma tendência de deterioração progressiva das contas externas, gerando déficits em conta corrente que podem, no futuro, significar o retorno da restrição externa ao crescimento.
Por vários destes motivos, é crescente o número de críticos do regime que propõem a transição para um regime de política econômica de "juros baixos e câmbio alto". O problema é que, uma vez que nos demos conta de como o sistema de metas funciona realmente, se o diferencial de juros for reduzido e o câmbio desvalorizado substancialmente, surgem algumas questões complicadas.
Em primeiro lugar, como manter a inflação sob controle? As taxas de crescimento dos preços internacionais dascommodities e do petróleo recentemente têm sido bem mais