Primitivismo
Já que a única coisa que resta das intenções do homem primitivo ao criar seus desenhos, trinta mil anos atrás são os próprios desenhos, só podemos formular hipóteses sobre os objetivos que tinham em mente. Para esses homens, os animais em seu meio ambiente representavam tanto uma ameaça mortal quanto um meio de sobrevivência. Em quase todos os casos, esses animais constituíam o tema principal de suas obras. Por que eles os desenhavam nas profundezas das cavernas em que se abrigavam no inverno, e sempre na parte mais alta das paredes? Algumas hipóteses parecem mais prováveis que outras. Uma das qualidades das pinturas rupestres é seu realismo, uma característica incomum da arte primitiva, o que sugere que eram concebidas para ser uma ajuda visual, um manual de caça composto para recriar os problemas da caça e revigorar o conhecimento do caçador, além de instruir os que ainda eram inexperientes. Essa teoria encontra apoio em detalhes de desenhos com flechas que apontam para órgãos vitais e partes vulneráveis dos animais. Os desenhos têm linhas de um lirismo surpreendente, e são realmente encantadores, indicando ser provável que tenham sido feitos com grande amor e apreço pelos animais representados. É possível que nosso homem das cavernas de trinta séculos atrás realmente compartilhasse da nostalgia de seus predecessores arborícolas, bem como da lembrança de estações mais quentes, quando a caça era abundante, e havia, portanto, muito alimento. Pode ser que essas obras tenham saído das mãos dos primeiros pintores de domingo da sociedade, e deve-se enfatizar o fato de serem de grande beleza e extremamente sofisticadas, sejam quais forem os padrões artísticos pelos quais as julguemos. Mas o meio ambiente ameaçador colocava o homem primitivo diante de questões para as quais não havia respostas, e, à semelhança daquilo que buscava a maioria dos homens, esses desenhos devem ter tido alguma relação com os mistérios que ele tentava compreender, e, portanto,