Preconceito racial em livros didáticos
RAÇA A palavra raça tem origem latina e era utilizada com único sentido de designar grupos de animais da mesma espécie mas com aspectos distintos (Bueno, 1967). Nos Quinhentos popularizou-se o uso para designar grupos humanos, primeiramente na Itália e França, e logo a seguir nos outros países de língua latina e nos de língua anglo-saxônica. Os agrupamentos humanos passaram a ser classificados em função de diferenças físicas, supostas ou reais. Tais diferenças, reais ou imputadas, foram utilizadas como justificativa para formas específicas de tratamento, a grupos e pessoas, no mais das vezes implicando em preconceitos, discriminações e segregações. Nos Setecentos, e principalmente nos Oitocentos, as teorias racistas adquiriram importância para explicar diversos fenômenos sociais e justificar novas desigualdades (Wieviorka, 1992). No início dos Novecentos, as teorias racistas foram decisivas para inúmeros processos sociais, e o racismo foi determinante para diversas tragédias humanas. Ato contínuo a essas tragédias, o conceito de raça passou a ser recusado pela Biologia e as Ciências Sociais tomaram o racismo como objeto de estudo. Raça passou a ser entendida como uma construção social. As diferenças entre os seres humanos, “reais ou putativas” (Berghe, 1970 apud Guimarães, 1995, p. 47), são significativas a partir dos sentidos a elas atribuídos. A maioria absoluta da comunidade científica passou a refutar as teorias racistas, mas diversas práticas sociais mantêm vivos os conceitos de raça e racismo. As pessoas continuam a classificar as outras em função de diferenças imputadas à raça, crença que continuou a exercer papel importante sobre diversos fenômenos sociais. Alguns autores entendem que a utilização do conceito de raça pelos