Preconceito linguistico
“Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”. Para Marcos Bagno essas opiniões são um reflexo do complexo de inferioridade em relação a um país colonizador e mais “civilizado”. Essa concepção preconceituosa sobre a língua falada e escrita em nosso país, esta impregnada como ideologia em nossa cultura, da mesma forma que a concepção que afirma que o Brasil é subdesenvolvido por não existir uma população de “raça pura”, pois tem uma mistura de índio e negro, tendo um resultado de inferioridade em relação ao branco europeu. Mas a ciência já comprovou que não existe uma raça “pura” da mesma forma que também não existe uma língua “pura”.
Bagno relata como exemplo de posturas preconceituosa e desinformada em relação ao português falado no Brasil, como a do intelectual Arnaldo Niskier que faz queixa ao pouco apreço que devotamos sobre a leitura, fazendo comparação aos hábitos culturais franceses que tem um índice de 8 livros per capita por habitante, enquanto os brasileiros mal chegam a 2 livros. Mas, Bagno cita um dado indispensável para elemento de avaliação dessa realidade. Enquanto a França ocupa o 11º lugar em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) estabelecido pela ONU, o Brasil ocupa o 79º lugar entre os 175 países do mundo.
Bagno considera equivocada a afirmação de que os Brasileiros não sabem falar português, e sim só é falado o português correto em Portugal. Mas o brasileiro sabe sim falar o português que é diferente do português de Portugal, pois a língua falada no Brasil tem sua gramática. Existe uma diferença tão grande entre o português do Brasil e de Portugal que existe dificuldade de compreensão no vocabulário, nas construções sintáticas, no uso de certas expressões e na pronúncia. Bagno argumenta que o único nível de compreensão entre os brasileiros e portugueses é o da língua escrita formal pela ortografia ser a mesma, com poucas diferenças.
O autor relata que o problema do português falado no Brasil