Porque ou Por que
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Centro de Linguística da Universidade do Porto
(Portugal)
RESUMO. Há uma certa hesitação por parte dos falantes do português, no acto da escrita, no que toca à distinção de porque e por que, bem como aos contextos em que devem ser aplicados. Neste texto mostro que por que é a expressão a usar em orações relativas e em interrogativas independentes e subordinadas, porque está associado a um argumento ou a um adjunto sem valor causal. Porque deve ocorrer em orações subordinadas causais e em interrogativas sempre que esteja associado a um complemento oblíquo ou a uma oração com sentido causal.
PALAVRAS-CHAVE. Porque; Que, Conjunção subordinada causal, Interrogativas parciais independentes e subordinadas ABSTRACT. When they write, Portuguese speakers often hesitate about the distinction of porque
[‘because’] and por que [‘the reason why’], as well as about the contexts in which they must be applied. In this paper I show that por que is the expression to use in relative and independent interrogative clauses, because it is related to an argument or an adjunct with no causal value. Porque should occur in subordinate causal and interrogatives clauses whenever it is related to an oblique complement or to a causal-like clause.
KEY-WORDS. Relative clauses, interrogative clauses
1 – Objectivo
Este trabalho tem como objectivo reflectir sobre a problemática relacionada com a distinção entre porque e por que, através de uma análise sintáctica em que são comparados os diferentes usos que as duas expressões podem ter; mostrar-se-á que há uma relativa inconsciência gramatical por parte de grande número dos falantes em relação às duas formas, levando-os, frequentemente, a reconhecer uma só forma.
O trabalho está organizado da seguinte forma: no ponto 2 é feita uma introdução ao tema a ser tratado, bem como uma apresentação de alguns erros na utilização de porque e por que; no ponto 3 é