"Porque"
Sophia de Mello Breyner nasceu a 6 de Novembro 1919 no Porto, onde passou a sua infância. Entre 1936 e 1939 estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Casou-se com Francisco Sousa Tavares, e passou a viver em Lisboa. Teve cinco filhos. Participou ativamente na oposição ao Estado Novo e foi eleita, depois do 25 de Abril, deputada à Assembleia Constituinte. Foi Autora de catorze livros de poesia, publicados entre 1944 e 1997, escreve também contos, histórias para crianças, artigos, ensaios e teatro. Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu a 2 de Julho de 2004, em Lisboa.
Análise do poema
Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen que denuncia as injustiças e desigualdades sociais. O próprio título “Porque” reforça, através da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Parece haver um diálogo entre o sujeito poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no último verso das estrofes seguintes.
O sujeito poético põe em evidência as virtudes e qualidades do outro, mostrando um verdadeiro sentimento de admiração, pode assim tratar-se de um amigo íntimo. Deste modo, verifica-se uma atitude muito contrastante em relação aos outros e à pessoa amada, nomeadamente através da conjunção adversativa “mas”. O sujeito poético denuncia a falsidade, “Porque os outros se mascaram”, a astúcia “Porque os outros usam a virtude/Para comprar o que não tem perdão” (o sujeito poético poderá referir-se à honra, honestidade, etc.), logo é referido o receio que os outros têm em demonstrar o verdadeiro eu, ao contrário do tu. Os outros são hipócritas ao oferecerem apenas a aparência. Na segunda estrofe é reforçada a ideia da corrupção, nomeadamente no primeiro e segundo versos, uma vez que os túmulos caiados significam o disfarce, assim sendo simbolizam os segredos, dando uma imagem de hipocrisia, onde está mais explicita