Por uma indissolubilidade outra
Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Luciana dos Santos Pacheco
Por uma indissolubilidade outra
Artigo cientifico realizado sob orientação do Prof. Dr. Piero como requisito parcial para a graduação em Letras-Portugues.
Brasília/2011
Por uma indissolubilidade outra
Aplicabilidade, respostas, finalidade, conceitos, utilidade, função, justificativa. Alcançar tais aspectos parece ser o norte da análise crítica que estimula uma leitura a partir de uma relação de vinculação entre o ato literário e o que está fora e para além de sua linguagem, construindo e alimentando uma certa satisfação ao viés utilitário do mundo.
O fato de o próprio fazer literário se questionar não está em discussão. O ponto é outro: propor que sua postura auto-indagativa não se dê em face de nada que escape à obra, de nada que seja exterior à linguagem sem que disso resulte um hermetismo, ou um purismo que se quer distante do mundo real. Ao contrário, como propõe Blanchot, o texto escrito é uma considerável atuação no mundo: “O livro, coisa escrita, entra no mundo, onde cumpre sua obra de transformação e negação” (Blanchot, 1997, p.298)
Debruçado sobre sua linguagem, em seu particular movimento infinito e aporético, é que se confronta sem visar respostas, tampouco conceitos e justificativas imutáveis.Quer-se perene, possibilitando uma experiência estética diferenciada e única ao leitor igualmente único, portanto merecedor de uma leitura desassociada de uma posição prévia à leitura que a justifique, posta por um discurso crítico que minore ou esgote o livre exercício de uma experiência estética.
Desconsiderar o quão desnecessária e prejudicial é essa justificativa anterior à própria criação, é olvidar a inerente entrega da literatura à sua peculiar nulidade para que, liberta justamente dessa relação de satisfação com o que está para além dela, possa se inventar e reinventar à exaustão, explorando ao máximo seu potencial