Políticas indígenas
Parece que finalmente os brasileiros estão se dando conta do papel fundamental que as distintas tribos e populações indígenas assumem no nosso país. Manifestos indígenas, cada vez mais frequentes, tentam superar os atrasos políticos - há pouquíssima preocupação com qualquer grupo que fuja do ideal de cidadão brasileiro em nossas políticas práticas -. No entanto, embora tardias, políticas indígenas começam a aparecer nos últimos anos. Mas, ainda assim, podemos nos questionar, em que medida, os direitos da população indígena brasileira vem sendo assegurados?
Primeiramente, nos voltaremos a um assunto claramente complexo e que, portanto, se faz necessário nessa discussão: o direito linguístico. Mas antes, é preciso lembrar algo há muito já discutido por estudiosos com seriedade: a história do Brasil, sobretudo a história “oficial” tem o péssimo hábito de omitir certos acontecimentos ao passo que um grande destaque será dado a outros. Por exemplo, pouquíssimas pessoas na atualidade tem consciência das 180 línguas indígenas que sobreviveram, ao longo da história, aos inúmeros ataques decorrentes dos objetivos de não apenas eliminar as línguas indígenas, como também seus falantes.
Desde que o Brasil começou a receber visitantes, foram séculos de combates às línguas indígenas e negras, um estado constante de guerra (cf RODRIGUES, 1985, p.42 apud OLIVEIRA, 2003, p.8). E apenas muito recentemente, em 1988, a Constituição Federal mudou a sua política no que diz respeito à integração indígena, assegurando não somente direito às suas terras, mas também à sua cultura e às suas línguas (artigos 210 e 231). No entanto, embora seja um avanço ter a garantia dos seus direito básicos no papel, isso ainda não garante que a lei seja cumprida.
Em matéria publicada pela revista História da Biblioteca Nacional[1], em edição dedicada especialmente a questão indígena, podemos ler o título no mínimo curioso: “Admirável índio novo”, (referência clara a obra