Plantas e animais
MEDICINAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
(NORDESTE DO BRASIL): UM ESTUDO DE CASO
CECÍLIA DE FÁTIMA CASTELO BRANCO RANGEL DE ALMEIDA e ULYSSES PAULINO DE ALBUQUERQUE
os últimos anos, vários trabalhos etnobiológicos vêm sendo desenvolvidos sobre o aproveitamento dos recursos biológicos pelos povos de diferentes regiões e etnias, em especial enfocando o aspecto medicinal. Dentre as diversas abordagens, um dos campos mais desenvolvidos é o da etnobotânica. O avanço dos estudos etnobotânicos atuais, incorporando mais ecologia, tem possibilitado a coleta de informações sobre o manejo nas florestas tropicais com interessantes descobertas (Prance, 1991).
Sem dúvida, uma considerável atenção tem sido dada para a conservação de recursos das florestas tropicais, e os estudos etnobiológicos podem contribuir fornecendo informações sobre o seu uso e manejo (Albuquerque, 1999; 2000). Por muitos anos, os estudos etnobiológicos estavam mais voltados às plantas medicinais, porém, recentemente, diferentes investigadores demonstraram que na interação cultura/natureza é notável a utilização da fauna para fins medicinais em diferentes sociedades humanas (Costa Neto, 1994; Marques, 1995). Embora o uso de animais para tratamento de doenças humanas seja um fenômeno historicamente antigo (Costa
Neto, 1999a), pouco foi investigado sobre essa prática no Brasil.
Para Jain (2000), um campo rico e comumente negligenciado relaciona-se com os vendedores de ervas e de outros produtos biológicos. Ele es-
tima que o número de plantas e animais comercializados por esses vendedores na
Índia pode ser muito elevado. Os mercados tradicionais, onde também se instalam os vendedores de ervas, representam importantes pontos de aquisição de informações sobre a utilização da flora e fauna nativas ou exóticas de uma região, podendo esses estudos serem úteis na elaboração de planos de conservação dos recursos comercializados. Tudo isso sem