Pedagogia do Oprimido Cap 2
No capítulo 2, o autor fala sobre o conceito de concepção bancária da educação como instrumento da opressão, caracterizada como um depósito, ou uma ação assistencializadora para com o povo. Esta pedagogia caracteriza-se por relações fundamentalmente narradoras e dissertadoras entre um sujeito narrador, educador, os educandos, por falar da realidade como algo parado, estático, compartimentado e completamente alheio à experiência existencial dos educandos e por recorrer à palavra esvaziada da dimensão concreta que devia ter.
A educação é vista como um ato de depositar, o homem é considerado um ser adaptável e ajustável, em que o educador e educando se arquivam por não haver criatividade, transformação e saber, pois, segundo o autor, só existe saber na invenção, reinvenção, busca inquieta, impaciente e permanente que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros, o que se traduz numa busca esperançosa. Na visão bancária da educação, o saber é uma doação fundamentada na absolutização da ignorância, manifestação instrumental da ideologia da opressão, que visa transformar a mentalidade do oprimido e não a situação que o oprime. Neste capítulo, o autor defende que os homens são seres da procura e a sua vocação ontológica é humanizarem-se.
Segundo Paulo Freire, os homens educam-se entre si mediatizados pelo mundo, pela educação problematizadora que exige a superação da contradição educador-educando e o diálogo, em que ambos se tornam sujeitos do processo e crescem juntos em liberdade, procurando o conhecimento verdadeiro e a cultura pela emersão das consciências para uma inserção crítica na realidade. O autor chama a atenção para que em nenhum propósito, mesmo na liderança revolucionária, o homem aliena os outros nas suas decisões, mas sim que os incentive à luta pela sua emancipação no mundo.