Pesquisador
O calor beirava os 40 graus. As ruas eram ‘‘pavimentadas’’ com lama e pedregulho. De um lado, as índias passeavam com suas ‘‘vergonhas’’ à mostra. Do outro, senhoras de fino trato desfilavam com seus pesadíssimos e acalorados vestidos europeus. Isso foi há muito tempo, 500 anos atrás, quando o Brasil, recém-descoberto, descobria também a moda.
A história do vestuário nacional confunde-se com a própria memória da vida privada do país. Afinal, as roupas fazem parte dos costumes e da cultura, e o estilo é o reflexo de uma época. (…)
O passeio pela história da moda no país revela aspectos interessantes sobre o cotidiano desde a colônia até os dias de hoje. Enquanto algumas peças parecem incrivelmente atuais, outras indicam hábitos comuns durante épocas, mas que atualmente provocam estranheza. Por exemplo: na segunda metade do século 17, as mulheres colavam no rosto pedaços de tecido embolados para que parecessem… verrugas! Mas, como tudo na moda é reciclado, também há trajes históricos que continuam em voga. O estilo hippie dos anos 60, os twin-sets da década de 70 e até mesmo alguns vestidos do século 16 podem ser visto até hoje nas vitrines.
De 1500 a 1550
A Europa ditava a moda da colônia
A Europa ditava a moda da colônia portuguesa recém-descoberta. Mesmo sob o forte calor tropical, as mulheres usavam pesados vestidos de veludo, ao estilo da corte de Henrique VII. Seda, tafetá e brocados também faziam parte do vestuário, pois indicavam poder econômico. Os decotes eram generosos: o formato quadrado e o apertado espartilho garantiam — não sem sofrimento — o destaque dos seios e a cinturinha fina.
De 1551 a 1600
O estilo elizabetano levou para o vestuário o rococó da corte inglesa. Muitos bordados, laços, enfeites de ouro, pedras encrustradas. As saias eram largas, recheadas por várias armações, e as mangas, fofinhas. Preto, vinho e vermelho eram as cores da moda, sempre incrementadas por detalhes dourados. Outra tendência