pesquisador
MANUEL ALVES FILHO
Um contingente estimado em 500 mil pessoas, algo como metade da população de Campinas, vive atualmente da apicultura no Brasil. O setor, que produz cerca de 45 mil toneladas de mel ao ano, exporta metade desse volume, o que tem gerado importantes divisas ao país, dado que cada tonelada do alimento pode alcançar até US$ 2 mil (R$ 4,2 mil) no mercado internacional. Os números do setor só não são mais alvissareiros por conta de um problema que compromete a qualidade e, conseqüentemente, a competitividade do produto brasileiro em âmbito mundial: o “batismo”. Atualmente, os fraudadores usam diversos aditivos para adulterar o mel: desde o caramelo, relativamente comum, até o óleo de soja, o mais surpreendente de todos. Contra esse tipo de falsificação, um grupo de pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unicamp acaba de desenvolver uma metodologia capaz de identificar, em apenas 1 minuto, tanto a origem dos méis (eucalipto, silvestre, laranjeira etc) quanto a presença de eventuais substâncias estranhas à sua composição original.
O grupo coordenado pelo professor Marcos Eberlin atua no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas. De acordo com o cientista de alimentos Rodrigo Catharino, um dos membros da equipe, o objetivo principal da pesquisa foi desenvolver um método que permitisse a certificação do produto nacional quanto à sua integridade. “Isso é extremamente importante, pois os países que mais importam mel, como é o caso da Alemanha, são muito criteriosos quanto à origem e qualidade dos alimentos”, explica. E são mesmo. Em março de 2006, por exemplo, a União Européia suspendeu a compra do mel brasileiro. A medida foi baseada em decisão da Federação Européia de Comércio de Produtos do Agronegócio, que teria constatado resíduos de antibióticos no produto nacional.
Adulteração é feita com caramelo, xarope e até óleo de soja
A certificação, conforme a