PESQUISA SOCIAL: TEORIA, MÉTODO E CRIATIVIDADE
Capítulo 1: O DESAFIO DA PESQUISA SOCIAL
1.1 Ciência e cientificidade
A ciência é apenas uma forma de expressão da busca pelo conhecimento da realidade do indivíduo e da coletividade, não sendo exclusiva, nem conclusiva, nem definitiva. O campo científico é permeado por conflitos e contradições como o grande embate sobre cientificidade das ciências sociais, em comparação com as ciências da natureza. Há aqueles que buscam a uniformidade dos procedimentos para compreender o natural e o social, há os que reivindicam a total diferença e especificidade do campo humano. Para outros, existe possibilidade de encontrarmos semelhanças em todos os empreendimentos. Há uma enorme interrogação em torno da cientificidade das ciências sociais, porque o próprio homem da pesquisa é agente de sua realidade, com essa influência será que a pesquisa não fugiria de sua objetivação? Que método seria usado para explorar uma realidade tão específica e tão diferenciada ao mesmo tempo? A cientificidade tem que ser pensada como uma ideia reguladora de alta abstração e não como sinônimo de modelos e normas a serem seguidos.
O objeto das Ciências Sociais é histórico. Isso quer dizer que cada sociedade humana se constrói e se organiza de forma particular, por sua vez todos que vivenciam a mesma época histórica têm alguns traços comuns. O objeto das Ciências Sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é a cena e o seio do dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa realidade é mais rica que qualquer teoria que possamos elaborar sobre ela. As Ciências Sociais, no entanto, possuem teorias capazes de fazer uma aproximação da suntuosidade da existência dos seres humanos em sociedade, ainda que de forma incompleta. Para isso, elas abordam o conjunto de expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nas representações sociais, nas expressões da subjetividade,