Pedagogia da publicidade e produção da cultura infantil contemporânea
Desde algum tempo, diversos analistas têm destacado a centralidade que as práticas de consumo vêm assumindo em nossas sociedades contemporâneas. De modo especial isso vem sendo feito por
Zygmunt Bauman (1998, 1999a,
1999b, 2001, 2007), considerado um dos mais proeminentes teóricos sociais contemporâneos. Em produções de pesquisadores identificados com os chamados estudos culturais contemporâneos, sobretudo a partir da última década do século XX, tal temática vem aparecendo de modo articulado especialmente às questões sobre mídia, cultura popular e cultura infantil. Entre os estudos representativos desse campo, estão as produções de autores estadunidenses como Steinberg e Kincheloe (2001),
Giroux (1994, 1995, 1999), Giroux e Simon (1989) e Kellner (2001,
2004). Ainda que alguns desses estudos não coloquem em relevo a questão do consumo de modo mais incisivo, e majoritariamente sejam erigidos a partir da consideração da centralidade que a indústria do entretenimento infantil ocupa na produção da infância pós-moderna, é evidente que a questão do consumo transversaliza muitas das discussões neles desenvolvidas.
Sem desconsiderar as contribuições desses últimos autores, este artigo se alicerça sobretudo em
Bauman para analisar a relação entre a publicidade e a construção da cultura infantil na contemporaneidade.
Entretanto, por mais centrais que sejam os argumentos do sociólogo polonês para as análises aqui desenvolvidas, é preciso dizer que identificamos e assumimos certos pontos de contato com a produção de matiz mais culturalista. Nessa direção, compartilhamos o entendimento corrente no campo dos estudos culturais acerca da produtividade das pedagogias não escolares na formação de nossas crianças e jovens. Em outras palavras, e para usar uma expressão do léxico próprio desse amplo e diversificado campo de estudos, assumimos o entendimento de