Pedagogia da autonomia
Em mais uma de suas grandes obras, Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire vem nos conscientizar sobre a importância de uma sociedade menos dominadora. Talvez, para muitos, isso seja uma utopia.
“É evidente que, em uma sociedade cuja estrutura conduz à dominação de consciências” (Fiori, 1967, p.9) não é tarefa fácil despertar os indivíduos para a libertação. Como educadores, e tendo noção dessa opressão, devemos atenuar os efeitos de uma educação que massacra as massas populares, reduzindo-as a uma parte da sociedade não pensante, na condição de somente obedecer a tudo.
Para que o oprimido saia da condição em que se encontra, é necessário que ele tenha senso crítico e que não aceite passivamente a falsa generosidade de seu opressor. É preciso que ele se liberte de maneira consciente e que saiba do seu valor como cidadão, não se sentindo menor do que aquele que o oprime.
O autor critica os sectários, argumentando que “A sectarização é castradora, pelo fanatismo de que se nutre”, e defende a radicalização, mas num sentido construtivo: “A radicalização, pelo contrário, é sempre criadora, pela criticidade que a alimenta”.
“Dizer que os homens são pessoas e, como pessoas são livres, e nada concretamente fazer para que esta afirmação se objetive, é uma farsa” (op. cit. p.36). É muito fácil nos mostrarmos solidários com a classe oprimida, mas na práxis, não fazermos nada. Tal atitude nos remete à posição de exploradores; atuando sobre os homens para, doutrinando-os, adaptá-los cada vez mais à realidade que deve permanecer intocada. Não podemos trabalhar com concepções que não refletem a realidade dos alunos, somente impondo-lhes um modelo de bom homem, ou entregando-lhes conhecimentos. “Ao revolucionário cabe libertar e libertar-se com o povo, não conquistá-lo”.
O autor faz, ainda, críticas às práticas educativas arbitrárias às quais fomos e somos submetidos há anos. A Educação