Parte I do livro "A origem do capitalismo" Ellen wood
“A maneira mais comum de explicar a origem do capitalismo é pressupor que seu desenvolvimento foi o resultado natural de práticas humanas quase tão antigas quanto a própria espécie, e que requereu apenas a eliminação de obstáculos externos que impediam sua materialização.” (p.21)
“[...], a maioria das narrativas históricas sugere que o capitalismo surgiu quando o mercado foi libertado de antiquíssimas restrições e quando, por uma ou outra razão, expandiram-se as oportunidades de comércio.” (p.21)
“O capitalismo, [...], representa o amadurecimento de práticas comerciais antiquíssimas (juntamente com avanços técnicos) e sua libertação das restrições políticas e culturais.” (p.22)
“A antiquíssima prática de auferir lucros comerciais sob a forma de “comprar barato e vender caro” não é, nessas explicações, fundamentalmente diferente da troca e da acumulação capitalista através da apropriação da mais-valia.” (p.23)
“Há também outro tema que tende a ser comum nessas versões históricas do capitalismo: o burguês como agente do progresso.” (p.23)
“No deslizamento semântico de morador urbano para capitalista, [...], podemos acompanhar a lógica do modelo mercantil: o antigo morador da cidade deu lugar ao habitante do burgo medieval, que, por sua vez, evoluiu imperceptivelmente para o capitalista moderno.” (p.23)
“A retomada do desenvolvimento comercial, iniciada nos interstícios do feudalismo e rompendo suas restrições, é tratada como uma grande mudança na história da Europa, mas aparece como a retomada de um processo histórico que sofrera um desvio temporário.” (p.24)
“[...], o modelo mercantil, não demonstrou nenhum reconhecimento de imperativos que são específicos do capitalismo, dos modos específicos de funcionamento do mercado no capitalismo e de suas leis de movimento específicas, as quais, de modo singular, obrigam as pessoas a entrarem no