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Vania Maria Cury
Estas centenas de milhares de pessoas, de todos os Estados e de todas as classes, que se apressam e se empurram, não serão todas seres humanos possuindo as mesmas capacidades e o mesmo interesse na procura da felicidade? E não deverão, enfim, procurar a felicidade com os mesmos métodos e processos? E, contudo, estas pessoas cruzam-se apressadas como se nada tivessem em comum, nada a realizar juntas, e a única convenção que existe entre elas é o acordo tácito pelo qual cada uma ocupa sua direita no passeio, a fim de que as duas correntes da multidão que se cruzam não se constituam mutuamente obstáculo; e, contudo, não vem ao espírito de ninguém a idéia de conceder ao outro um olhar sequer. (ENGELS:
1985, 36)
Arquitetos, urbanistas, geógrafos escrevem muito, sempre, sobre as cidades.
Ao contrário, os historiadores escrevem pouco, ou quase nada. Um levantamento bibliográfico preliminar sobre o tema pode dar a dimensão exata da lacuna que a historiografia tem deixado no campo dos estudos urbanos. Apesar disso, as cidades, em especial as metrópoles modernas, constituem objetos privilegiados para a história.
Nelas, hoje, concentram-se os mais expressivos contingentes populacionais dos países, materializam-se as relações sociais e econômicas mais importantes e instalam-se os principais centros da atividade de produção e de distribuição de bens e serviços.
As cidades, sobretudo as grandes cidades, representam os espaços físicos e sociais mais ricos e dinâmicos da atualidade. Por todas as potencialidades que encerram e realizam, já mereceriam uma especial atenção. Além disso, graças à expressiva concentração populacional que acolhem, constituem ainda o local exato onde milhões e milhões de pessoas formarão suas famílias, construirão suas carreiras e experimentarão vivências afetivas e profissionais marcantes e variadas. Nelas serão produzidas ainda as perspectivas e os sonhos de inúmeros grupos e indivíduos, serão