parafase
SANT’ANNA (1985: 61) teoriza a respeito da diferença entre paródia e paráfrase, identificando ambas recriações como uma ato de apropriação, havendo “um deslocamento da propriedade do texto, a eliminação dos donos da escrita, a possibilidade de cada criador manipular o real do texto segundo suas inclinações críticas”.
7 Considerações Finais
As traduções de Bandeira, por vezes, se fundem com a autoria e conforme atesta MILTON (1993: 170), “várias de suas traduções, tais como a atualização do soneto de Castro Alves, Adeus a Teresa, e dos de Elizabeth Barrett Browning, são geralmente reconhecidas como de maior interesse do que os originais”. Para WANDERLEY (1988: 62),
Ler aquele livro (Poemas traduzidos) era como ler o próprio Bandeira, assim como ainda hoje e para todo o mundo ler sua Paráfrase de Ronsard é ler Bandeira [...]. A tradução (Ronsard) adquiriu tamanho grau de existência própria que o poema-fonte fica mais e mais distante da lembrança.
PAES (1990: 55) considera “a figura de tradutor, menos importante que a de poeta [...] mas, por ser complementar dela, igualmente digna de interesse”. Para outros, tradutor e poeta se confundem; BACIÚ (1966: 88) declara que na poesia Bandeira é, antes de tudo, um tradutor nato, e é por isso que só se sente capaz de traduzir aqueles poemas cujo autor gostaria de haver sido; e BOSI (2002: 361) confirma que Bandeira era um “homem de métier, capaz de compor em todos os ritmos e de traduzir com igual maestria Shakespeare e Holderlin, Rilke e García Lorca”.
TradTerm 18/2011.1, pp. 155-178 –