Os riscos à saúde dos cosméticos nacionais
A variedade de tons de esmaltes e batons ou a longa duração de xampus e cremes pode ter um preço: a composição química, muitas vezes, é prejudicial à saúde. Uma nova pesquisa da Unicamp desenvolveu uma técnica capaz de detectar, em segundos, os componentes de alguns produtos de beleza do mercado brasileiro, terceiro maior do mundo, com faturamento de R$ 85 milhões em 2012, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. O resultado da pesquisa apontou para a existência de cosméticos com substâncias alérgenas ou até potencialmente cancerígenas e foi publicado no periódico científico “Materials”.
As marcas não foram divulgadas pelos pesquisadores, mas eles alertam que três de nove esmaltes investigados continham taxas elevadas de sudam III, corante que pode provocar câncer. No caso dos batons, eles oxidaram (ou perderam suas propriedades) antes do fim do prazo de validade, o que pode ter ocorrido, segundo os cientistas, devido ao contato com a saliva. E as amostras de lápis de olho eram todas potencialmente causadoras de irritação ou de infecções.
— Descobri que tinha alergia a cosméticos logo que usei pela primeira vez, principalmente os de olho, como o lápis. Logo depois que passo fica coçando muito e parece que chorei horas. Mesmo os que se dizem hipoalergênicos me causam problema. É muito difícil encontrar algo que não me irrite, mesmo das marcas mais caras e importadas — comenta a médica Juliana Keller.
O farmacêutico Diogo de Oliveira, coordenador do estudo, explica que o avanço científico ajuda a regular a composição cosmética. Ele cita os parabenos, cuja utilização era bastante difundida, mas perdeu força depois da divulgação de estudos identificando a toxidade de moléculas da classe. Ainda segundo Oliveira, os rótulos divulgam a composição, mas não a quantidade da substância, e é difícil o consumidor conseguir desvendar as informações.
— Quando tratamos de