Os infernos - Virgílio x Dante
Virgílio e Dante são autores romanos, mas com pelo menos 1500 anos de distancia, o que acarreta em grandes diferenças culturais e consequentemente influencia a construção de suas obras. Virgílio, poeta do final do século Ia.c., era balizado pela mitologia romana, diferentemente de Dante – que apesar de ter Virgílio como mestre – foi um católico fervoroso e expressou isso na Divina Comédia. Virgílio não apresenta uma ideia de inferno, mas o mundo dos mortos, um submundo composto por várias subdivisões que incluem: o Tártaro, lugar onde ocorrem as punições aos crimes mais graves e que é de possível comparação com os círculos mais profundos do inferno de Dante; os Campos Elísios, também se compara ao paraíso; e outras partes onde há punições para crimes mais leves ou diferentes dos que levariam ao Tártaro. Nessa divisão o que eu, particularmente, acho relevante é a presença do Campos Elísios e a nomenclatura de “mundo dos mortos”, o que para Dante serão, sucessivamente, paraíso e inferno. Dante por sua vez apresenta somente o inferno e dentro dele existe a separação em nove círculos, de acordo com o que para ele e para seu pensamento católico eram de maior ou menor gravidade. Nos primeiros círculos serão os delitos mais leves (paganismo) e nos últimos, consequentemente os mais graves (traidores). No cenário apresentado por ele pecados como paganismo e heresia irão aparecer, o que não acontecia com na Eneida. A divisão de Vírgílio – com a presença dos Campos Elísios - mostra uma grande diferença do inferno postulado por Dante que cria dois “mundos” diferentes: inferno e céu, onde o céu/paraíso seria perto de Deus. O conceito usado na Eneida vem da ideia da mitologia que aproxima os deuses dos humanos. No cenário mitológico a relação do humano e divindade era muito próxima, podendo muitas vezes os deuses transitarem entre o olimpo e a terra livremente e inclusive terem filhos semideuses (fruto da relação Deuses e homens). Diferente da ideia