Os donos do poder - formação do patronato político brasileiro
Resenha do texto: FAORO, Raymundo. (1979). Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro. (vls.1 e 2). Porto Alegre: Ed. Globo. Por: Sabrina Evangelista Medeiros
Em novembro de 2000, Raymundo Faoro, aos 75 anos, fora eleito para a cadeira de número 6 da Academia Brasileira de Letras – ABL (antes de Barbosa Lima Sobrinho, que morreu recentemente). Um dos maiores motivos para a sua eleição e conseqüente vitória foi a sua mais importante obra, Os Donos do Poder, de 1958. Três anos depois, foi vítima de enfisema pulmonar e morreu. Apesar de tamanho prestígio, ao longo de sua carreira o jurista Raymundo Faoro recebeu críticas contundentes de gerações e espectros diferentes da intelectualidade e da política, que não deixaram de concordar sobre a relevância para a história e pensamento político brasileiro de suas obras.
Particularmente, o marco maior de Os Donos do Poder seria a ansiedade de tratar, com detalhes, tamanha história brasileira (desde as origens do Estado Português colonizador) afastando-se das interpretações marxistas, então em voga na intelectualidade. Talvez pela intensidade de suas análises, rigorosamente combatidas pela esquerda que acusava-o de ser um radical liberal, Raymundo Faoro pôde ser tão lido e respeitado. Nesse sentido, Os Donos do Poder não ganhou também a simpatia da direita que, ao tempo do lançamento da obra, acreditava que o país estava vivendo um estágio avançado de capitalismo, com instituições sólidas e uma economia crescente; o que, finalmente, contrastava com o que Faoro escrevia sobre o perpetuamento do patrimonialismo no Brasil.
Os Donos do Poder é, por excelência, uma obra de mapeamento da evolução política do Brasil, desde a herança absolutista portuguesa - onde o Estado é analisado segundo a esfera de atuação dos ensejos pessoais do rei – até a República Velha e o Estado Autoritário Varguista – pelo qual permaneceram estreitos os laços entre a esfera pública (a burocracia) e a privada