Os deslocamentos da função paterna
O sintoma social expressa uma dificuldade do social em lidar com determinado fenômeno, dificuldade para fazer sua inclusão. O sintoma como solução de compromisso, no caso do sintoma social, seria uma tentativa da sociedade de inscrever aquilo que a cultura ainda não é capaz de simbolizar. Seria então uma tentativa de incluir aquilo que está interdito, ou que ainda não está dito. Cada época produz seus ditos e seus interditos. Todo discurso é um dispositivo de inclusão e exclusão. Os sintomas sempre têm um sentido, portanto caberia nos perguntar: Por que esse sintoma foi produzido nessa época? (Kehl, 2001)
A partir dessa reflexão sobre sintoma social, pretende-se abordar os deslocamentos da Função Paterna no que se denomina de pós-modernidade.
A Pré- modernidade era caracterizada por uma hierarquia dada pelo lugar de nascimento e por uma supremacia do regime patriarcal. Na modernidade surgem o individualismo, a autonomia e a possibilidade de mobilidade social, passa a existir um apelo para que se recalque as origens, voltando para si toda a existência, dando lugar ao imperativo do “Faça-se por si mesmo”. Na Pós-modernidade acontece um deslocamento dos ideais e das tradições.
Segundo Maria Rita Kehl, na modernidade ocorre um enfraquecimento do poder patriarcal até então encarnado pelo monarca, que se apresentava como escolhido por Deus para governar os homens. O pai de família moderno já é um patriarca menor, digamos assim, um patriarca castrado. A própria cultura moderna já se funda sobre um enfraquecimento da ordem patriarcal.
Na pós-modernidade, após a queda da monarquia e a desmontagem do patriarcado, ocorrem mudanças na imago social do Pai. A questão que se faz presente é: Quanto vale um Pai?
O sujeito moderno, está submetido ao imperativo de alcançar o sucesso, superando a posição social que ocupa através da família. O obscurecimento dos ideais no mundo pós-moderno faz com que se avance recusando e esquecendo o